terça-feira, 5 de maio de 2009

FORMAÇÃO DE PROFESSORES - PRODUÇÃO DE TEXTO (2)

SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO
DIRETORIA REGIONAL DE EDUCAÇÃO ITAQUERA
DIVISÃO DE ORIENTAÇÃO TÉCNICO-PEDAGÓGICA


2º ENCONTRO DE FORMAÇÃO
PRODUÇÃO DE TEXTO
DOT-P e Professores
30.03.2009


Objetivos:
Discutir com os professores critérios para escolha de bons textos que sejam bons modelos para que os alunos se apropriem da linguagem que se escreve
Revisitar as expectativas de aprendizagem – Produção escrita – constantes nas Orientações Curriculares Proposição de Expectativas de Aprendizagem
Compreender as condições didáticas que o professor deve oferecer aos alunos para reescrita
Explicitar os procedimentos didáticos que são necessários para garantir que os alunos produzam bons textos

Conteúdos:
Aprendizagem da linguagem que se escreve
Expectativas de aprendizagem
Tratamento didático para ensinar procedimentos de escritor

1ª Atividade :

Leitura pelo formador :

2ª Atividade :

Retomada da análise dos três textos
a) Após a seleção, justificar os critérios de escolha
b) Socialização das discussões
c)
COLA: A idéia é que fique cada vez mais claro para os professores que o critério não pode ser o tamanho do texto, mas os recursos linguísticos que o texto apresenta. Estes recursos não são adjetivos, são expressões usadas pelos autores que dão qualidade a linguagem escrita.
Lembrar que a reescrita deve ser feita a partir de textos literários. Com outros gêneros, a produção do aluno é de autoria, embora o professor deva oferecer uma referência para a escrita.




Texto: O FAZENDEIRO, SEU FILHO E O BURRO
Aspectos textuais:
Do ponto de vista estético, esse texto não é um bom modelo. Não apresenta marcas textuais, que possa ser referência para os alunos refletirem sobre os recursos lingüísticos utilizados pelos autores para obter um texto bem escrito.
É um texto bem próximo da fluência oral, a narrativa vai sendo tecida pela sequenciação progressiva dos episódios a partir da ação dos personagens que vai gerando uma reação. Assim os diálogos são construídos marcando a fluência do texto até chegar à reação do burro.
Esse texto não é bom para o propósito que se quer ensinar aos alunos (não quer dizer que este não seja um bom texto)

Texto: O CEGO E O CAÇADOR
Aspectos textuais
- O texto apresenta organizadores textuais que marcam o tempo. É interessante observar o papel deles na narrativa.
- O articulador textual que marca o inicio da história “Era uma vez” desencadeia outros marcadores textuais que vão tecendo texto e garantido a marcação dos episódios: Um dia, uma tarde, de repente, na manhã seguinte, dias, semanas e meses se passavam...
- Os verbos não indicam só ação mas também são responsáveis pela progressão temática :
O uso reiterado de “Continuaram o seu caminho” ; “andaram por mais quatro horas” ; “Andaram, andaram”
São recursos que mantém o leitor ou o ouvinte de uns textos atentos a historia.
- Além desses recursos, o uso da sinestesia “é que eu enxergo com os ouvidos” – um jogo interessante de significante e significado – que favorece a construção da imagem mental do leitor.
- O comentário do narrador “ele disse” entreposto à fala do personagem é um recurso estilístico, próprio da linguagem da escrita
- recursos de pontuação no discurso direto (formas de introduzir o narrador: no início, no meio e no fim da frase)
Quando as crianças demonstram isso na produção, evidencia seu contato com o texto.
“– Sente-se ali - ele disse - cada um de nós apanhou um pássaro “
- Descrição de cenário / imagem = conseguida com a linguagem que favorece a construção da imagem mental
- a caracterização dos personagens é importante para o desenrolar da narrativa (dizer que o homem era inteligente, inicialmente, faz toda a diferença no desenrolar da narrativa
- a linguagem está mais distante da coloquial



O cego e o caçador

África Ocidental
Hugh Lupton
Do livro Histórias de Sabedoria e Encantamento

Era uma vez um homem cego que morava numa palhoça, com sua irmã, numa aldeia na orla da Floresta.
Esse homem era muito inteligente. Apesar de seus olhos não enxergarem nada, ele parecia saber mais sobre o mundo do que as pessoas cujos olhos viam tudo. Costumava sentar-se à porta de sua palhoça e conversar com quem passava. Quando alguém tinha problemas, perguntava-lhe o que fazer e ele sempre dava um bom conselho.
Quando alguém queria saber alguma coisa, ele dizia, e suas respostas eram sempre corretas.
As pessoas balançavam a cabeça, admiradas:
- Como é que você consegue saber tanta coisa, sem enxergar?
E o cego sorria, dizendo:
- É que eu enxergo com os ouvidos.
Bem, um dia a irmã do cego se apaixonou. Ela se apaixonou por um caçador de outra aldeia. E logo o caçador se casou com a irmã do cego.
Depois da festa de casamento, o caçador foi morar na palhoça, com a esposa. Mas o caçador não tinha paciência com o irmão da mulher, não Tinha nenhuma paciência com o cego.
- Para que serve um homem cego? - ele dizia.
E a mulher respondia:
- Ora, marido, ele sabe mais coisas do mundo do que as pessoas que enxergam.
O caçador ria:
- Ha, ha, ha, o que pode saber um cego, que vive na escuridão? Ha, ha, ha...
Todos os dias, o caçador ia para a floresta com seus alçapões, lanças e flechas. E todas as tardes, quando o caçador voltava à aldeia, o cego dizia:
- Por favor, amanhã deixe-me ir com você caçar na floresta.
Mas o caçador balançava a cabeça:
- Para que serve um homem cego?
Dias, semanas e meses se passavam, e todas as tardes o homem cego pedia:
- Por favor, amanhã deixe-me caçar também. E todas as tardes o caçador dizia que não.
Uma tarde, porém, o caçador chegou de bom humor. Tinha trazido para casa uma bela caça, uma gazela bem gorda. Sua mulher temperou e assou a carne e, quando eles acabaram de comer, o caçador disse ao homem cego:
- Pois bem, amanhã você vai caçar comigo.
Assim, na manhã seguinte os dois foram juntos para a floresta, o caçador carregando seus alçapões, lanças e flechas, e conduzindo o cego pela mão, por entre as árvores. Andaram horas e horas.
Então, de repente, o cego parou e puxou a mão do caçador:
- Psss, um leão!
O caçador olhou ao redor e não viu nada.
- É um leão, sim, mas está tudo bem. Ele não está faminto e está dormindo profundamente. Não vai nos fazer mal.
Continuaram seu caminho e, de fato, encontraram um leão dormindo a sono solto, debaixo de uma árvore.
Depois que passaram pelo animal, o caçador perguntou:
- Como você sabia do leão?
- É que eu enxergo com os ouvidos.
Andaram por mais quatro horas, e então o cego puxou de novo a mão do caçador:
- Psss, um elefante!
O caçador olhou ao redor e não viu nada.
- É um elefante, sim, mas tudo bem. Ele está dentro de uma poça d'água e não vai nos fazer mal.
Continuaram seu caminho e, de fato, encontraram um elefante imenso, chapinhando numa poça d'água, esguichando lama nas próprias costas.

Depois que passaram pelo animal, o caçador perguntou:
- Como você sabia do elefante?
- É que eu enxergo com os ouvidos.
Continuaram seu caminho, se aprofundando cada vez mais na floresta, até chegarem a uma clareira. O caçador disse:
- Vamos deixar nossos alçapões aqui.
O caçador armou um alçapão e ensinou o cego a armar o outro. Quando os dois alçapões estavam armados, o caçador disse:
- Amanhã vamos voltar para ver o que pegamos.
E os dois voltaram juntos para a aldeia.
Na manhã seguinte, acordaram cedo. Mais uma vez, foram andando pela floresta. O caçador se ofereceu para segurar a mão do cego, mas o cego disse:
- Não, agora já conheço o caminho.
Dessa vez, o homem cego foi andando na frente. Não tropeçou em nenhuma raiz nem toco de árvore. Não errou o caminho nem uma vez.
Andaram, andaram, até chegarem à clareira em que tinham armado os alçapões.
De longe, o caçador viu que havia um pássaro preso em cada alçapão.
De longe, viu que o pássaro preso em seu alçapão era pequeno e cinzento e que o pássaro preso no alçapão do cego era lindo, com penas verdes, vermelhas e douradas.
- Sente-se ali - ele disse. - Cada um de nós apanhou um pássaro. Vou tirá-los dos alçapões.
O cego sentou-se e o caçador foi até os alçapões, pensando:
- Um homem que não enxerga nunca vai perceber a diferença.
E o que foi que ele fez? Deu ao cego o pequeno pássaro cinzento e ficou com o lindo pássaro de penas verdes, vermelhas e douradas.
O cego pegou o pássaro cinzento nas mãos, levantou-se e os dois rumaram de volta para casa.
Andaram, andaram, e a certa altura o caçador disse:
- Já que você é tão inteligente e enxerga com os ouvidos, responda uma coisa: por que há tanta desavença, ódio e guerra neste mundo?
O cego respondeu:
- Porque este mundo está cheio de gente como você, que pega o que não é seu.
O caçador se encheu de vergonha. Pegou o pássaro cinzento da mão do cego e deu-lhe o pássaro lindo, de penas verdes, vermelhas e douradas.
- Desculpe - ele disse.
Os dois continuaram andando, e a certa altura o caçador disse:
- Já que você é tão inteligente e enxerga com os ouvidos, responda uma coisa: por que há tanto amor, bondade e conciliação neste mundo?
O cego respondeu:
- Porque este mundo está cheio de gente como você, que aprende com seus próprios erros.
Os dois continuaram andando, até chegarem à aldeia.
E, a partir daquele dia, quando alguém perguntava ao cego:
- Como é que você consegue saber tanta coisa, sem enxergar?, era o caçador que respondia:
- É que ele enxerga com os ouvidos... e ouve com o coração.



História contada por Duncan Williamson, escocês, grande coletor de histórias, baladas e ditos de viajantes. Por sua vez, ele a ouviu de um cego da África Ocidental, em Birmingham.


8ª Atividade :
Tarefa :
a) Ler os encaminhamentos da pág. 137 do Guia do 2º ano – volume 2 (roxo)
b) Ler os encaminhamentos das páginas 118 a 122 (atividades 2ª, 2B e 2C) – leitura e análise de um texto pelo professor
c) Realizar a atividade na sua classe fazendo o seu registro reflexivo



Metacognição

a) Conteúdo do encontro
b) Dúvidas que permaneceram

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